Iniciativa pioneira aprimorou a gestão cultural nas escolas municipais e beneficiou mais de 75 mil alunos.
A próxima segunda-feira, 16 de dezembro, será especial para 228 professores e diretores, além de mais de 75 mil alunos da rede municipal de ensino da capital mineira. É o encerramento do projeto “Acervos Museológicos, democratização e formação de agentes culturais”, realizado pelo Instituto Minas Pela Paz, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. A cerimônia, que encerra as comemorações pelo aniversário da capital, acontecerá no Grande Teatro do Palácio das Artes, com homenagem aos profissionais formados no curso de pós-graduação em Gestão de Projetos Culturais da PUC Minas e entrega dos prêmios aos vencedores da Olímpiada Cultural, última etapa do projeto.
O projeto, pioneiro no país, surgiu com a proposta de ir além do contexto curricular e explorar o capital cultural presente nos museus, cinemas, teatros e espaços culturais de uma maneira organizada. “Os professores não tem a obrigação de apresentarem uma habilidade ou aprendizado na área cultural e, com o curso, eles podem explorar também as artes, enriquecendo a formação desses estudantes”, ressalta José Carlos Oliveira, coordenador geral do Acervos Museológicos.
De acordo com Eliana Mara, coordenadora de produção e gestora do projeto, o aprendizado universalista, baseado na contemplação e na experimentação da arte, desenvolve profissionais mais bem preparados e com sensibilidade pessoal e cultural necessárias para construir uma carreira sólida e contribuir para o desenvolvimento das organizações. A ideia é que professores e gestores culturais estejam na base do processo de multiplicação de ideias e formação desses futuros profissionais.
“O Acervos Museológicos inaugurou as iniciativas do Minas Pela Paz mais focadas na formação cidadã, na abertura para novas leituras de mundo, o que permite à criança e ao adolescente a ampliação do leque de escolhas. Entendemos que a escola tem um grande serviço a prestar neste sentido, interferindo positivamente na trajetória de vida de seus alunos. Vemos a cultura como o começo de tudo. A instrumentalização que o Acervos ofereceu aos professores e gestores das escolas municipais de Belo Horizonte abre passagem para outros projetos que vamos desenvolver nessa linha”, reflete o diretor-coordenador do Minas Pela Paz, Marco Antônio Lage.
Premiação
A expectativa para a cerimônia de encerramento do projeto, que acontece a partir das 17h, tem agitado toda a comunidade escolar, já que a premiação contemplará escolas e alunos das nove regionais. Cada regional terá duas escolas premiadas. Aquelas que alcançarem o lugar mais alto do pódio receberão um notebook, um projetor multimídia, um scanner de mesa e um tablet. Os segundos lugares garantirão um notebook e um projetor multimídia.
A programação do evento segue com a entrega de prêmio aos melhores projetos desenvolvidos pelas turmas. Serão premiadas todos os alunos de duas turmas por regional, sendo primeiros e segundos lugares, que receberão, respectivamente, um tablet e uma máquina fotográfica.
Sobre o projeto
O projeto foi estruturado em quatro etapas, que trabalharam com a qualificação, formação e multiplicação de valores culturais, tendo os professores como instrumentos-chave para esse ciclo. O objetivo foi promover a inclusão sociocultural de alunos de escolas públicas e a difusão da cultura como meio de construção da cidadania. “O Acervos Museológicos visa preparar os professores e qualificar os alunos para uma avaliação mais crítica diante do que veem. Os professores estimulam os alunos e os informam sobre a importância do observar e aprender”, explica Eliana.
Na primeira etapa, foi realizada uma pesquisa de campo pelo Instituto Vox Populi, em 2010, visando conhecer o perfil dos professores das escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte e avaliar o interesse e o grau de disponibilidade dos professores, alunos e seus respectivos familiares na ampliação da frequência de visitas aos espaços culturais da cidade. Na segunda, um curso de pós-graduação em Gestão de Projetos Culturais foi viabilizado e 228 profissionais, entre diretores, vice-diretores, coordenadores pedagógicos e professores das nove regionais da rede municipal de BH, se formaram na PUC Minas. O curso foi realizado no período de agosto de 2011 a março de 2013.
Na terceira etapa aconteceu uma Imersão Cultural dos professores e alunos da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, que consistiu na realização de visitas aos museus e a outros espaços culturais de BH. Nesta fase, cada cursista da pós-graduação realizou um processo de multiplicação com outros dez professores da rede, com o apoio de cadernos pedagógicos e de um vídeo informativo de sensibilização. Após essa preparação, os professores envolvidos passaram a planejar e organizar a visitação junto a seus alunos. Nesse momento, o Programa Circuito de Museus e outros projetos da Secretaria Municipal de Educação integram-se ao Acervos Museológicos, com o objetivo de unir esforços e viabilizar agendas.
O resultado da última e quarta etapa será apresentado agora e, para chegar a ele, foi realizada, primeiramente, uma Olimpíada Cultural, quando o resultado do processo de imersão começou a ser mostrado. Cada turma foi estimulada pelo professor a pesquisar, imaginar, trocar percepções e expectativas sobre a visita a ser realizada. Após as visitas, os alunos divididos em grupos investiram em trabalhos para contar um pouco das impressões deles e as expressaram por meio de um vídeo de até dois minutos ou um projeto fotográfico. As turmas participaram de atividades práticas, utilizando diferentes formas de expressão, registrando os estímulos recebidos, vivenciados e apreendidos. Houve, então, a análise, seleção e preparação de trabalhos para uma exposição final do projeto, que estará exposta no Palácio das Artes.
Os trabalhos foram avaliados por um júri especializado e, na sequência, passaram por uma votação pública, através do site www.olimpiadaprojetoacervos.org.br. A votação pelo júri se encerrou em 13 de novembro, meia noite, e a votação popular final ocorreu no dia 10de dezembro.
Resultados
Os professores da rede municipal de ensino realizaram o processo de multiplicação para outros 2102 profissionais da educação, beneficiando mais de 75 mil alunos da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. Esse número tende a ser ainda maior se pensarmos que estes alunos também disseminam o conhecimento apreendido a seus familiares.
Para Arminda Aparecida de Oliveira, gerente pedagógica de Educação da Regional Nordeste, a experiência do curso de pós-graduação foi muito positiva. Além de uma visão de gestão de espaços culturais, ela teve uma noção ampla de planejamento e organização. “Foi um aprendizado da gestão como um todo e o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi enaltecido, pois propunha a criação, a partir de pesquisas e estudos, de espaços museais nas escolas, para que cada instituição cuidasse do seu acervo. Depois deles ativos, cada escola iria visitar o espaço da outra”, conta Arminda.
A previsão dos idealizadores do “Acervos Museológicos” é que a partir desta experiência o projeto seja ampliado para a Região Metropolitana de Belo Horizonte e o interior de Minas Gerais. “Sabemos que não vamos colher esse fruto imediatamente, mas temos a esperança que os alunos passem a fazer uso desse capital cultural disponível”, conclui José Carlos Oliveira.
Parceiros envolvidos
O Acervos Museológicos está sendo realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, com o patrocínio da Fiat, Contax (Oi) e Usiminas e com apoio da Gerdau, da Oi Futuro e do Instituto Cultural Usiminas. O projeto conta com a parceria da Prefeitura de Belo Horizonte; PUC Minas; Sistema Fiemg; e as empresas sócias do Minas pela Paz.
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