Acordar cedo, enfrentar o trânsito, dedicar oito horas do seu dia a uma atividade, muitas vezes cansativa, para receber no mês seguinte o seu salário. Essa rotina pode ser desgastante para a maioria dos trabalhadores, mas é vista como um ideal de vida para outros, que enxergam no trabalho uma oportunidade de recomeço.
Após cometer um erro e cumprir sua pena, os egressos do sistema prisional retomam seu convívio com a sociedade em um cenário diferente do deixado para trás, em que o preconceito passa a ser um cárcere invisível que insiste em lhe aprisionar em um mundo de poucas oportunidades. Sabe-se que grande parte da população carcerária, possui um perfil limitado, com baixa escolaridade e pouca ou nenhuma experiência profissional, o que torna ainda mais desafiante o processo de inserção ou de retorno ao mercado formal de trabalho.
Fechar as portas para essas pessoas torna-se, então, a resposta mais fácil. Mas, se engana quem acredita que o melhor a se fazer é afastá-los da sociedade. Um estudo realizado pelo sociólogo paulista José Pastore comprova que egressos que trabalham têm probabilidade 63% menor de reincidir quando comparados com os que não trabalham. Esta estatística reitera a experiência do Programa Regresso, uma parceria do Minas Pela Paz com o governo de Minas Gerais através do Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (PrEsP), que articula a contratação de egressos, com o acompanhamento e o suporte necessários para as empresas e os contratados. Também o Tribunal de Justiça de Minas Gerais apoia a iniciativa, fortalecendo o trabalho junto às APACs – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados.
Em cinco anos de Programa Regresso, a cada nova contratação, vivemos a celebração do trabalho e tudo o que ele pode representar na vida de uma pessoa. As oportunidades, além de renda, devolvem a autoestima, a dignidade e a esperança de um futuro melhor. Os benefícios são reais para o egresso e para as empresas que acreditam nessa causa, pois, além de ter a possibilidade de obter uma subvenção financeira, por meio da lei 20.624, elas recebem profissionais motivados e praticam iniciativas de responsabilidade social e cidadã, um importante diferencial competitivo nos dias de hoje.
Superando muitos obstáculos, já alcançamos 807 contratações. Sabemos que o caminho é árduo e depende da sensibilização do empresariado e da população em geral para a que haja superação e entendimento de que “todo homem é maior que seu erro”.