Ao vivenciar há tempos, e fortemente nas últimas semanas, situações tão frágeis das relações humanas, repletas de conflitos, rivalidade, falta de respeito e cuidado entre as pessoas, corremos o risco de perder a referência original da palavra “sociedade”, que vem do latim societas, como a associação amistosa com o outro. Simultaneamente, no entanto, percebemos a força da mesma palavra “sociedade”, quando ancorada em atitudes de coletividade e colaboração.
Nesse sentido, e pela complexidade das questões sociais na atualidade, torna-se cada vez mais relevante a atuação integrada e sinérgica de empresas, governos, instituições do terceiro setor e cidadãos. Ao invés de somente delegar responsabilidades, é preciso somar esforços para promover a transformação e é nisso que o Minas Pela Paz acredita. A intersetorialidade está em nossa essência e passa pelo desafio de convergir interesses de um grupo em prol de um resultado comum.
A proposta concreta de atuação do Instituto Minas Pela Paz surgiu como iniciativa de presidentes de empresas mineiras, reunidos no Conselho Estratégico da Fiemg, empenhados em contribuir de forma alinhada e voluntária com a promoção do desenvolvimento e da defesa social para o fortalecimento da cultura de paz.
Hoje, oito anos após a criação do Instituto, milhares de pessoas foram beneficiadas diretamente por meio do Disque Denúncia, que contribui para o enfrentamento da criminalidade; do Programa Regresso, que promove a qualificação profissional e geração de renda aos detentos e egressos do sistema prisional, notadamente os recuperandos das Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APACs); do Trampolim, que acolhe jovens em cumprimento de medidas socioeducativas e os direcionam para o mercado de trabalho formal e protegido; e do Acervos Museológicos, com formação, inclusão social e cultural de educadores e educandos de escolas públicas de Belo Horizonte, a partir do uso dos espaços culturais como espaços de aprendizado na cidade.
Todos as ações são realizadas em estreita parceria com organizações privadas, públicas e do terceiro setor, sem as quais os resultados não alcançariam tamanha relevância ou sequer se consolidariam. Os números nos inspiram, mas também nos instigam, pois sabemos que ainda há muito a ser feito. Entendemos que a junção de esforços é capaz de promover mudanças vitais em nossa sociedade.
É estimulante perceber que pelo fato de acreditarmos nas pessoas e lhes proporcionar acesso e oportunidade geramos atitudes positivas e impulsionamos a formação de um ciclo virtuoso de novas transformações. É isso que temos presenciado e é o que esperamos multiplicar nos próximos anos.
Os desafios são enormes e, por isso mesmo, há espaço para a atuação de todos. Ao entender a intersetorialidade como uma forma de potencializar o diálogo e buscar resultados cooperativos para situações complexas, teremos mais perspectivas na construção de uma sociedade mais integrada e propositiva.
Ana Luiza Veloso, gerente de projetos do Minas Pela Paz