Setembro de 2014: Em uma abordagem policial na periferia de Belo Horizonte, Rodrigo, de 16 anos, é preso por envolvimento com o tráfico de drogas. Menor de idade, é encaminhado para o Centro de Atendimento Integrado ao Adolescente Autor de Ato Infracional e recebe do juiz uma medida socioeducativa de internação. Segue para o Centro Socioeducativo Santa Helena, onde fica acautelado por dois anos. Ao longo desse tempo, insegurança e descrença; por outro lado, estudo e orientação para a busca de novos caminhos, longe do crime.
Novembro de 2016: Rodrigo é convidado pela equipe do Centro Socioeducativo a participar do Projeto Trampolim, iniciativa do Minas Pela Paz em parceria com governo municipal e estadual, judiciário e entidades profissionalizantes para inclusão de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas no mercado de trabalho formal.
Rodrigo aceita a proposta, mas ainda não sabe ao certo o que virá pela frente. É matriculado no curso de aprendizagem industrial em marcenaria no SENAI, que se iniciaria em breve. Após alguns dias em liberdade passa a ser acompanhado pela equipe do Programa Se Liga, do Governo de Minas Gerais, que acolhe e apoia os jovens egressos do sistema socioeducativo.
Janeiro de 2017: Já em casa, às vésperas de iniciar seu curso, Rodrigo teme não ter dinheiro para se deslocar para o SENAI. Sente vergonha de pedir dinheiro ao pai, quando recebe dele a notícia de que deveria comparecer a uma empresa para assinar sua carteira de trabalho como aprendiz. Na empresa, uma grata surpresa: recebe o vale-transporte e um salário de R$ 469 mensais.
No início do curso, desinteresse. Aos poucos, conselhos do professor, aumento da autoestima por aprender um ofício e conseguir transformar um pedaço de madeira em belos móveis.
Junho de 2017: Rodrigo finaliza o primeiro módulo do curso como aluno destaque. Nova abordagem policial e, desta vez, é flagrado com cadernos, trena, uniforme e recebe um elogio do policial por ter mudado de vida. Rodrigo segue para casa com a certeza de estar recuperando o respeito e o afeto de sua família e da comunidade.
Maurilio Pedrosa, gestor do Minas Pela Paz