A tolerância, por si só, não deveria merecer um dia especial, pois pressupomos que ela deva estar presente a todo momento, perpassando as relações pessoais e profissionais, individuais e coletivas. No entanto, o que se tem visto é diametralmente o oposto: a intolerância reinando em nosso dia a dia, revelada pela discriminação, pelo racismo, pela falta de respeito às opiniões divergentes e até pelo ódio, muitas vezes manifestado por ações criminosas e violentas.
Não à toa, foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Dia Internacional Pela Tolerância, celebrado anualmente em 16 de novembro. O objetivo da data é resgatar a necessidade de potencializar “as coisas que unem a humanidade e não nas coisas que a dividem”, como destacou Vincent Defourny, diretor executivo da Unesco – segmento da ONU para as ações de educação, ciência e cultura.
Por coisas que “unem a humanidade” nós, do Minas Pela Paz, entendemos que se enquadram o respeito, a justiça, a solidariedade, o perdão, dentre tantas outras. Trabalhamos, desde 2007, diretamente com pessoas em situação de privação de liberdade: homens, mulheres, jovens e em ações que promovem a defesa social, a educação e a inclusão social.
Para exercer nossa atividade e gerar resultados concretos, invocamos a tolerância a todo momento, especialmente para enfrentar a descrença e o preconceito em relação aos públicos diversos com os quais atuamos.
Tangibilizamos os resultados das nossas ações a cada certificado de qualificação profissional entregue a um detento, a cada emprego conquistado por um egresso do sistema prisional, a cada vaga dos programas de aprendizagem preenchidas por um jovem em cumprimento de medida socioeducativa. Essas conquistas reforçam a dignidade dos cidadãos beneficiários dos nossos projetos que, por sua vez, podem se apresentar à sociedade com mais responsabilidade, formação e maturidade.
Conhecemos de perto o desafio que o tema da segurança pública representa hoje no Brasil, mas temos a convicção de que ações positivas e concretas em prol da educação, do trabalho e da paz podem levar a um tempo com mais justiça para todos e, sem dúvida, com mais tolerância por parte de todos.