A população carcerária brasileira é a quarta maior do mundo, com mais de 550 mil detentos. Todos os anos, estima-se que 20 mil sentenciados deixam as unidades prisionais e enfrentam um grande desafio: o retorno à sociedade. Com o objetivo de discutir este tema e apontar o seu impacto social, com ênfase em Sete Lagoas, o Minas Pela Paz e o Tribunal de Justiça promovem, nesta quinta-feira, dia 3, um Workshop sobre inserção de egressos e apenados do sistema prisional.
O evento, aberto ao público, reunirá entidades que trabalham em prol da ressocialização de condenados e apresentará os desafios e resultados dessas iniciativas. O juiz da 1ª Vara Criminal de Sete Lagoas, Evandro Cangussu Melo, está à frente do encontro e falará sobre o importante papel da sociedade para a inserção desse público.
Após o cumprimento da pena, os egressos se deparam com um ambiente adverso. “É natural que eles sintam uma grande insegurança ao recomeçar, pois perdem suas referências emocionais, já que muitos são abandonados pela família e amigos, e, até mesmo, as referências geográficas”, explica o cientista social do Minas Pela Paz, Ronalte Silva, que acompanha o processo de transição desse público.
Entre as principais dificuldades encontradas pelos egressos nesse período de readaptação está a volta ao mercado de trabalho, ponto que é considerado determinante para a ressocialização. Segundo um estudo realizado pelo sociólogo paulista José Pastore, egressos que trabalham têm probabilidade 63% menor de reincidir quando comparados aos que não trabalham. Mesmo assim, 90% dos condenados que deixam a prisão não dispõem de emprego e se tornam ainda mais vulneráveis à reincidência.
Atento a essa realidade, o Minas Pela Paz criou o Programa Regresso, que articula junto às empresas, governos e entidades oportunidades para aqueles que querem retomar a vida com dignidade, tendo o trabalho e a educação como instrumentos de transformação. A iniciativa qualifica os profissionais dentro do sistema prisional, com o apoio do Sesi/Senai, e busca nas empresas interessadas, vagas de trabalho para absorvê-los.
Em quatro anos de existência, o Programa qualificou cerca de 2500 apenados e reinseriu mais de 750 no mercado de trabalho. Para o gestor de defesa social do Minas Pela Paz, Maurilio Leite Pedrosa, os resultados podem ser potencializados com a sensibilização do empresariado e da comunidade. “O nosso trabalho tem como principal entrave a falta de informação e o preconceito. Por isso, promovemos Workshops como este, para que as pessoas desenvolvam um novo olhar sobre o tema e possam dar a oportunidade que os egressos precisam para se libertar definitivamente”, defende Pedrosa.
O Workshop sobre inserção de egressos e apenados do sistema prisional começa às 9h na Casa da Cultura.