No universo do aprendizado e do desenvolvimento pessoal e intelectual, a escola tem papel fundamental de socialização, onde se iniciam e materializam comportamentos individuais e coletivos, portanto, a nossa básica civilidade.
No entanto, infelizmente, tem se ampliado nas escolas a violência entre alunos e a violência entre alunos e profissionais da educação. Frente ao crescente número de ocorrências de violência no ambiente escolar que chegam à esfera judicial, a Vara da Infância e Adolescência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais destacou uma análise sobre o tema em seu relatório estatístico das ocorrências de Belo Horizonte em 2017.
Esta estatística informa que a maioria dos casos ocorre nas escolas públicas estaduais (50,5%) e municipais (47,5%); as escolas particulares apresentam o índice de 2%. As motivações que encabeçam as ocorrências são as ameaças (com 20% das infrações), seguidas das lesões corporais (13,6%), vias de fato (12,7%) e uso de drogas (11%).
Quanto ao perfil das vítimas, identifica-se o aluno com um índice de 25%, seguido do professor (10%) e funcionários (9%). Cabe registrar que a crescente violência nas escolas vitimiza toda uma comunidade escolar e, consequentemente, as nossas comunidades.
Esses dados merecem dupla atenção: 1) o crescimento do número de conflitos escolares e das ocorrências de violência no ambiente escolar e 2) a crescente judicialização dos conflitos nas escolas. Decorrem daí duas questões:
Primeiro: as escolas, que sempre tiveram o papel de socialização das crianças e jovens, não conseguiriam mais tratar, pedagogicamente, a equação das situações de violência?
Segundo: não deveria ser a escola, ambiente educacional e pedagógico, o espaço mais indicado para a reflexão e construção de soluções pedagógicas para atos violentos oriundo de conflitos escolares ou que ocorram no ambiente escolar?
Essas questões precisam de respostas dos educadores, dos alunos e dos familiares, claramente do poder público, mas também de todos nós. Para reflexão: que possamos agir urgentemente e repactuar as nossas responsabilidades!
Maurilio Pedrosa, gestor do Minas Pela Paz