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Voluntariar-se – Por Maurílio Pedrosa

Mudar a realidade “é um verbo a ser conjugado na primeira pessoa do singular. Porque se eu não fizer a minha parte, nada irá acontecer”. Foi com essas palavras que o Dr. Tomáz Aquino Resende, Procurador de Justiça do Estado de Minas Gerais, encerrou sua participação em uma das mesas de debate do I Seminário Internacional de Promoção dos Direitos Humanos dos Condenados, realizado com a parceria do Minas Pela Paz.

Naquela ocasião, a pauta girava em torno do complexo sistema prisional brasileiro e mundial. Mas a provocação do Procurador pode se aplicar a diversas áreas de nosso cotidiano cidadão. Os dados estatísticos não deixam dúvidas quanto à legitimidade dessas sensações no que diz respeito à baixa qualidade de vida, à insegurança, aos adoecimentos – de diversas naturezas – da população brasileira. Estamos assustados e queremos ver mudança. Mas por onde começar?

Em países desenvolvidos, o voluntariado já é adotado como caminho e tem espaço garantido no cotidiano dos cidadãos. Desde a tenra idade, as escolas e as famílias já desenvolvem nas pessoas o sentido do trabalho voluntário como um mecanismo efetivo de participação da vida em sociedade, influenciando mudanças e contribuindo para uma vida coletiva mais saudável, inclusiva e segura.

Aqui perto de nós, embora estejamos ainda em processo de amadurecimento dessa prática, se dedicarmos um olhar mais atento à questão, veremos muitos bons exemplos despontando aqui e ali. Eu mesmo vi, em pleno fim de semana, um grupo de universitários, membros da ONG Amar é Simples, dedicados ao curso de formação de voluntários da APAC de Nova Lima. Podiam estar curtindo a vida com amigos mas, ao contrário, estavam lá distribuindo alegria e vigor com o desejo de mudar o mundo. “Posso até não conseguir; mas eu vou tentar”, disse uma das participantes.

O voluntariado é um dos 12 elementos que fazem o sucesso da metodologia APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados). Responsáveis pela ressocialização de cerca de 90% dos seus recuperandos, as APACs contam com  restrito grupo de funcionários na administração. As atividades operacionais são realizadas pelos próprios condenados; aquelas voltadas à formação humana e social, cabem a voluntários. O Minas Pela Paz é árduo defensor da metodologia. Somos testemunhas das transformações que este método é capaz de promover, realmente recuperando pessoas que estavam à margem da sociedade. É nesta condição que estamos compondo grupos de trabalho voluntário para uma atuação estruturada em algumas das 46 APACs de nosso Estado.

A disponibilidade das pessoas em ajudar e servir tem variadas motivações. Religião, realização pessoal, busca de novos espaços de convivência, altruísmo, generosidade e solidariedade são apenas algumas delas. Mas, quem o faz, de modo recorrente, afirma que mais aprende do que ensina, mais recebe do que oferece. Qualquer que seja o seu motor, lhe convidamos a integrar o nosso grupo acessando minaspelapaz.org.br para se cadastrar.

O voluntariado é uma das formas de sermos “a mudança que queremos ver no mundo”, como o líder indiano Mahatma Gandhi já pregou a uma centena de anos. Que tal aprendermos a conjugar esse verbo na primeira pessoa – do singular ou do plural – juntos?

Maurílio Leite Pedrosa, gestor do Minas Pela Paz

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